As primeiras dez mil toneladas de concentrado de manganês que serão transportadas da República Democrática do Congo (RDC) pelo Corredor do Lobito chegam àquela cidade angolana até ao final de Fevereiro, pela primeira vez em mais de três décadas, estando mobilizadas pelo Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) três composições ferroviárias com 25 vagões de 40 toneladas cada, ou mil toneladas por comboio, soube sexta-feira o Jornal de Angola de fonte oficial.
O presidente do conselho de administração do CFB, Luís Teixeira, afirmou num encontro realizado sexta-feira com o ministro dos Transportes, no Lobito, ser esse o desfecho de um acordo em que foram definidos parâmetros técnicos, operacionais e de exploração assinado a 25 de Janeiro, no Luau, entre a companhia ferroviária angolana e a sua congénere congolesa.
A 5 de Fevereiro, anunciou Luís Teixeira, o primeiro comboio do CFB partiu em direcção ao Luau, tendo, depois dos procedimentos aduaneiros, atravessado a fronteira no dia 7 e está a ser carregado. “Apesar de alguns constrangimentos decorrentes do facto de ser a primeira operação, tais como a mobilização de meios, equipamentos e pessoal, pensamos que até ao final do mês teremos cá esse comboio”, declarou.
O CFB oferece para essa operação uma linha de 1.344 quilómetros totalmente renovada, 48 locomotivas novas de grande potência (3.200 cavalos), 147 vagões e o projecto de recuperação total da frota, de 348 vagões, revelou o presidente do conselho de administração da companhia ferroviária.
Luís Teixeira anunciou que o CFB também está a preparar-se para servir melhor a classe empresarial do país, para o que foi inaugurado, no ano passado, um centro profissional que vai formar especialistas em diversos ramos, algo que será bastante benéfico para a operação.
Apelou aos empresários a prepararem mercadorias para comercializar na RDC e a efectuarem contactos em ambas partes da fronteira, para que os vagões do CFB não regressem vazios ao Congo e não haja prejuízos na actividade operacional.
O presidente do conselho de administração do Porto do Lobito, Agostinho Felizardo, disse que estão a ser criadas elevadas condições de operacionalidade, para que não existam obstáculos.
Agostinho Felizardo indicou que o acondicionamento dos minérios congoleses para exportação vai ocorrer no porto seco, porquanto o minério, apesar de estruturado para absorver elevados volumes, ainda não oferece a velocidade óptima para o negócio. Adiantou que os operadores estão a testar que condições estarão reunidas para a operação e acautelaram-se, transportando a carga em contentores.
A intervenção da Empresa Portuária do Lobito, apontou, consiste em ter o porto seco em condições de receber os carregamentos, “pois é uma obra nova e possui os equipamentos todos operacionais. A área de embarque, que é o terminal de contentores, está em condições de assegurar um movimento de carga desses e de volumes superiores”, afirmou Agostinho Felizardo.
O ministro dos Transportes, Augusto Tomás, solicitou às empresas de transportes como a estatal CFB, Unicargas e o Porto do Lobito, assim como à Administração Geral Tributária (AGT), flexibilidade para viabilizar a importação e exportação de mercadorias, para acabar com a burocracia que tem provocado constrangimentos aos comerciantes.
Augusto Tomás informou que a Zâmbia, que também estabeleceu acordos para utilizar o Corredor do Lobito, está a utilizar linhas ferroviárias do Congo Democrático, enquanto mobiliza recursos para se interligar ao CFB, numa operação que vai potenciar a economia a nível. In Jornal de Angola.