CFB “abre porta” à competitividade económica africana

7 Março, 2018

Os países da região austral de África sem acesso ao mar e outros já podem transportar recursos minerais, produtos e mercadorias, com a retoma hoje (segunda-feira), da circulação entre os Caminhos-de-Ferros de Benguela (CFB) e a Sociedade Nacional dos Caminhos-de-Ferro do Congo (SNCC).

A matéria-prima e outros produtos produzidos entre os países da SADC, bloco económico e político, podem, igualmente, chegar ao mundo devido à conexão global com o porto do Lobito, cidade benguelense, litoral de Angola, que alberga a sede do CFB.

As primeiras mil toneladas de concentrado de manganês explorado nas minas de Kisenge, província congolesa de Katanga, a serem transportados através do CFB a partir do Luau, nesta segunda-feira (5), 34 anos depois, é o exemplo da sua eficácia e concretização da meta do Governo angolano.

Como se sabe, os CFB iniciam no Lobito (Benguela), litoral angolano, passando pelo Huambo e Bié (centro), terminando no Luau (Moxico), num percurso de 1344 quilómetros até a fronteira com a SNCC.
É justamente num centro de convergência com a Sociedade Nacional dos Caminhos-de-Ferro do Congo, na cidade capital da província congolesa de Katanga, o Lubumbashi, localizada a Sudeste do país (RDCongo).
Através desta ligação conhecida internacionalmente por “Corredor do Lobito”, pode-se chegar à Zâmbia, deste a Moçambique e à Dar es Salaam, na Tanzânia, junto ao oceano Índico, podendo ligar à África do Sul, tornando-se numa rede ferroviária transcontinental.

Esse movimento dará mais empregos ao povo desta região e possibilidades de escolha aos países exportadores, podendo privilegiar vias-férreas de fácil acesso, proximidade e custos menos onerosos.
Isso deixa Angola numa posição vantajosa em termos competitivos face ao seu desempenho e safra, antes da paralisação do CFB, em que já possuía clientes fiéis, no caso concreto a RDC e a Zâmbia, podendo atrair outros.
RDC e a Zâmbia terão, no Porto do Lobito, a plataforma para fazer chegar os minérios para Ásia, Europa e Américas do Sul e do Norte.
Contudo, é um desejo que os governos de Angola, RDC e Zâmbia preconizavam por constituir uma alavanca para a economia destas três nações, mas, sobretudo, dos dois países sem acesso ao mar.
A RDC sente-se, assim, aliviada, depois de 34 anos estar a percorrer milhares de quilómetros para o seu mineiro chegar a Moçambique, África do Sul ou à Tanzânia e poder exportar fora do continente.
Ao usar o CFB e o Porto do Lobito, a RDC e a Zâmbia passarão a escoar os seus minérios de forma mais económica e com menos custos em termos logísticos.

Para diminuir ainda mais custos, a Zâmbia pode deixar de depender da SNCC, caso materialize o seu desejo de ligar ao CFB a partir do município do Luacano (antes do Luau), província do Moxico, e ligar às minas de Kansanshi, Lumwana e Kalumbila, na região de Chingola.
Quem sairá a ganhar são justamente as empresas mineiras da região Norte da Zâmbia, bem como os fornecedores de serviços, terão acesso rápido e fácil a infra-estruturas portuárias, a fim de poder exportar os seus produtos.

A ligar a África lés-a-lés, ao atravessar a África Austral, o Lobito detém “um corredor transnacional” constituído não só pelo CFB, mas pela Estrada Nacional paralela a linha férrea, que quando reabilitada, no futuro ligará as províncias deste corredor (Benguela, Huambo, Bié e Moxico).
O corredor é ainda suportado pela Estrada Nacional 230 que inicia em Luanda (passa pelo Bengo, Kwanza Norte, Malanje, Lunda Norte e Lunda Sul) e termina no município fronteiriço do Luau, curiosamente, a “porta de entrada e a ponta” do CFB, detendo a 67ª estação ferroviária, última no oriente do país.

O aeroporto general Sapilinha Sambalanga, ainda inoperante apesar de ser inaugurado em 2015, e um porto seco a ser construído no Luau, completam o eixo de circulação e de infra-estruturas que sustentaram a capacidade industrial de Angola para se impor e competir como zona de comércio livre na SADC.
O programa de reabilitação, ampliação e modernização do CFB, num percurso de mil e 344 quilómetros de linha férrea, compreendeu ainda a construção de 67 estações entre especiais, de primeira e de segunda classes, reabilitadas oficinas e adquirido material circulante e a construção de três centros de formação profissional, que também podem estar à disposição das autoridades congolesas e da SNCC. ANGOP

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